O elevador pára. Entra o velhote anónimo. Eu penso: "É o fim...". O que se passou de seguida, ficará para a história como os 30 segundos mais compridos de sempre! Ora reparem:
velhote anónimo: "
ooooolha quem é ele!"
eu: "
hmmm...pois, olá!" - Enquanto ponho o meu sorriso amarelo número 7.
velhote anónimo: "
Então e como vai a família?" (ndr: o velhote anónimo não conhece a minha família...)
eu: "
vai indo, vai indo...faz-se o que se pode 'né?" - Oh não, ainda só vamos no 1º andar...
velhote anónimo: "
pois é, é verdade!"
O pensionista anónimo olha para mim fixamente durante 2 segundos à espera, ansioso, da pergunta fatal. Mas ela não surge...
Contudo, sem temor nem hesitação, o idoso arranca, determinado, para um monólogo incrivelmente aborrecido:
velhote anónimo: "
Pois...eu lá ando pelas vinhas e pelos quintais, e de vez em quando venho cá 'né? Aquilo lá por Espanha é que é..."
eu: "
Pois..." - 3º andar?!? Mas o tempo parou e ninguém me avisou??
velhote anónimo: "bla bla bla bla" - Era mais ou menos isto que eu ouvia...
E foi por esta altura que
um famoso aviso, colado no elevador, fez todo o sentido! Finalmente percebi que o mesmo se devia a prováveis tentativas de suicídio por esmagamento, consequência directa de conversas de elevador! Talvez até causadas por um certo senhor muito chato...
Dei por mim a pensar: "
hmmm...será que esta técnica funciona com um saco de plástico?".
De repente o elevador parou. Olhámos um para o outro e despedimo-nos com visível emoção, embora por motivos completamente opostos:
velhote-chato-do-caraças: "
Então até à próxima, sim?"
eu: "
Boa noite. Até à próxima..." - Pois, pois...para a próxima vou de escadas!!