terça-feira, janeiro 23, 2007

Eu digo "Não"

Nota prévia: Podia colocar aqui imagens chocantes de fetos que são resultado de abortos clandestinos. Não o vou fazer. Quero deixar bem claro que não concordo com esse tipo de abordagem a este assunto.
Aproveito também para esclarecer que esta é uma opinião pessoal e não uma posição oficial do ductos e dos seus restantes membros.




Começo por referir o óbvio: não é fácil para uma mulher tomar uma decisão destas.
Não acredito que alguém tome esta decisão de animo leve e concordo que em algumas circunstâncias esta decisão é compreensível e até aceitável, nomeadamente nos casos já previstos pela actual lei portuguesa (ver link).

Na minha opinião, a solução para esta questão não passa, de todo, pela total desresponsabilização de um acto que, na esmagadora maioria dos casos, resulta da...falta de responsabilidade.
É esta a mensagem que a nossa sociedade quer transmitir aos jovens que, por sua vez, já são educados a meias pelos "morangos com açúcar"?

Acredito que a solução para tudo isto é evidente: prevenção e educação sexual.
Ambas têm um papel fulcral na resolução desta questão. Infelizmente, temos um Estado que é ladrão, corrupto e ignorante, que acredita que ao despenalizar o aborto, vai resolver todos os problemas.

A verdade, é que vai apenas "tapar o sol com a peneira", porque sem educação sexual e aposta na prevenção, os casos de aborto vão continuar a acontecer (com tendência para aumentarem) ...e já se sabe que é mais fácil mudar uma lei, do que criar estruturas para realmente mudar o estado das coisas. Por exemplo, onde anda a educação sexual nas escolas? À cerca de 10 anos comecei a ouvir falar sobre a implementação destas aulas educacionais nas escolas portuguesas...até hoje, nada!

Num país onde as listas de espera para operações simples são escandalosas e pessoas morrem nos corredores dos hospitais, este governo quer-nos convencer que a liberalização do aborto não vai agravar esta situação. Acho que nem os apoiantes mais radicais do "Sim" acreditam nesta...
É preciso não esquecer que estes casos têm de ser resolvidos impreterivelmente nas primeiras 10 semanas de gravidez. Acham que o Serviço Nacional de Saúde vai ter uma capacidade de resposta adequada ás necessidades das mulheres? Eu acho, ou melhor, tenho a certeza que não.

Por fim, e como este post já vai longo, tenho a dizer que acredito também que vão continuar a existir abortos ilegais neste país. É preciso não esquecer que apesar da liberalização do aborto até ás 10 semanas (2 meses e 2 semanas), o acto de abortar continuará a ser ilegal depois desta data. Ou seja, as mulheres que o realizarem depois desta data vão continuar a ser acusadas judicialmente. Então o que muda? Já estão a ver o filme, certo?

Deste modo, perante a pergunta a colocar no próximo dia 11 de Fevereiro, «Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras 10 semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?», eu respondo: "Não".
Recuso-me veementemente a optar pela solução mais fácil que, na minha opinião, apenas vai criar mais confusão e originar problemas novos!


LINKS ÚTEIS:

"Não": www.assimnao.org/, www.nao-obrigada.org/
"Sim": www.emmovimentopelosim.org/, www.cidadaniapelosim.org/

PS: Se alguém tiver uma posição diferente da minha e estiver interessado(a) em escrever um texto sobre este assunto, publicarei o mesmo aqui no blog com todo o gosto.

11 comentários:

  1. Epaaaaaaaaaaaaaaaaaa nao acredito que FINALMENTE alguem q me acompanha nesta opiniao!

    Pensei q n encontrasse na verdade...

    bem a boquinha das imgs chocantes e tal qd eu pus essas imgs no meu blog enfim...:p

    mas faço minhas as tuas palvras COMPLETA e CLARAMENTE!

    e sabes...elas existem!aquelas q fazem por ex 3 e 4 abortos sem, à vista desarmada, ficarem afectadas...ha ha pq eu sei q ha!

    e o resto é conversa!

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  2. sou plo Não e naõ é por simpatia obviamente. sou plo não pq tou farto da irresponsabilidade e da ligeireza com que as pessoas "olham" este assunto...pôr fim a uma vida naõ é de todo solução.
    Lei do aborto em Portugal para mim é suficiente e acho que responde as necessidades éticas, morais e humanas.
    naõ vamos fazer do aborto uma moda, só pq "lá fora" é legal.


    abraço

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  3. Sou SIM pela liberdade de escolha, NÃO SEI o que sou pelo aborto.

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  4. anouska: aquela "boca" não foi para ti. A sério que não. Estava mais a pensar nos cartazes que vi afixados na rua à uns tempos atrás.

    nothing man:Mai'nada!

    Marta: Eu acho que a liberdade de escolha começa antes do aborto. Quando se escolhe ter relações sem protecção por exemplo...
    Quem é que hoje em dia se pode queixar de falta de informação sobre o assunto?

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  5. Eu digo NÃO e faço minhas as palavras do Marcelo Rebelo de Sousa:
    "O que se está a votar não é a despenalização, mas a possibilidade da mulher, SEM QUALQUER JUSTIFICAÇÃO, pôr fim a uma vida humana"

    Aquelas que têm justificação a lei já contempla, portanto... é NÃO!

    Besitos!

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  6. Sou a favor da despenalização do Aborto até às 10 semanas de gravidez, por sou a favor da escolha das pessoas.

    Dr. F Eu irei publicar a minha opinião, a favor do sim num post. Assim ficamos com as duas versões.

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  7. (NUNO)AS RAZÕES QUE ME LEVAM A VOTAR SIM:

    Sou pelo sim, porque é uma obrigação eliminar o aborto clandestino. O actual estado de coisas em Portugal, a criminalização, continua a alimentar as redes de aborto clandestino, a perpetuar as redes de exploração do aborto de vão de escada, com condições de risco higiénico e sanitário muito elevadas que põem em causa a vida de milhares de mulheres e a sua saúde física e psicológica. Estima-se que em Portugal por ano sejam realizados cerca de 20 mil abortos clandestinos. Na sua maioria em mulheres que carecem de recursos económicos suficientes para puderem realizá-los em segurança no estrangeiro. Esta situação é social e economicamente injusta, atirando estas mulheres para locais onde correrão o risco de ficar com lesões permanentes ou até mesmo de as conduzir à morte, como acontece em muitos casos. Não podemos compactuar com estas situações!!!


    Sou pelo sim, porque a resposta do Estado não pode ser a criminalização. Em torno da sociedade portuguesa existe já consenso na recusa em sentar no banco dos réus as mulheres que recorrem à interrupção voluntária da gravidez, ou sequer de enviá-las para a prisão que poderá levar a uma pena de até 3 anos. E isso é o que a lei actual exige e por isso tem de ser mudada!!! Por outro lado, é urgente terminar com a devassa da sua vida privada e a humilhação pública a que estas mulheres são sujeitas durante todo esse processo judicial. Relembremo-nos dos casos de Aveiro ou Leiria…


    Sou pelo sim, porque defendo a adopção de uma visão integrada da saúde sexual e reprodutiva. Cerca de 80% das mulheres portuguesas em idade fértil já realizam planeamento familiar. Porém, qualquer meio de contracepção não é cientificamente infalível, nem 100% seguro. A informação sobre os vários métodos não chega de uma forma transparente e clara a todos, nem o acesso aos próprios métodos é universal. Assim, defendo que estas situações devem serem contrariadas através de uma política integrada de saúde sexual e reprodutiva, onde a IVG seja uma solução de último recurso, uma última possibilidade de evitar uma gravidez indesejada e ainda integrar essa mulher no sistema, dando-lhe informações sobre planeamento familiar e acompanhando-a posteriormente

    Marta quasi enfermeira

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  8. Vamos a isto:

    Adoro o argumento do "vão de escada", «O actual estado de coisas em Portugal, a criminalização, continua a alimentar as redes de aborto clandestino, a perpetuar as redes de exploração do aborto de vão de escada(...)»

    Mas Marta, ninguém é obrigado a fazer um aborto. Contudo, se esse for o caso, trata-se de um assunto de polícia e não de saúde, ou, nesta situação, a falta dela.
    Repetiram tantas vezes o "vão de escada" que agora todos imaginamos os abortos a serem realizados num wc público...será que isto é verdade? Acho que já nem interessa, o importante é desinformar e criar esta imagem na cabeça das pessoas. Enfim...já vale tudo.

    «Estima-se que em Portugal por ano sejam realizados cerca de 20 mil abortos clandestinos.
    (...)Não podemos compactuar com estas situações!!! »


    E quantos desses são realizados ANTES das 10 semanas? Isso é que eu gostava que tu dissesses! De qualquer modo, mesmo que o "sim" vença, o aborto continuará a ser ilegal depois das 10 semanas. Então qual é a diferença? Achas que o aborto ilegal vai desaparecer? Pois, eu também não.

    «Em torno da sociedade portuguesa existe já consenso na recusa em sentar no banco dos réus as mulheres que recorrem à interrupção voluntária da gravidez, ou sequer de enviá-las para a prisão que poderá levar a uma pena de até 3 anos. E isso é o que a lei actual exige e por isso tem de ser mudada!!!

    Marta, sabes quantas mulheres estão presas em Portugal por terem realizado um aborto ilegal? Devo dizer que fiquei surpreso com a resposta...ZERO! NICLES! NENHUMA!

    «Por outro lado, é urgente terminar com a devassa da sua vida privada e a humilhação pública a que estas mulheres são sujeitas durante todo esse processo judicial.

    Bem...talvez as ajudassem mais se não montassem um circo à frente dos mesmos, cada vez que há um julgamento por aborto ilegal. Se são os próprios "movimentos de cidadania pelo sim" que se aproveitam destas situações para vender o seu peixe...é no mínimo hipócrita que utilizem agora este argumento.

    «(...)Porém, qualquer meio de contracepção não é cientificamente infalível, nem 100% seguro.

    Tens razão neste ponto. Por exemplo, o preservativo não é 100% seguro. Este valor cai para uns ridículos 98% se for bem utilizado...acho que é mais seguro usar um preservativo do que andar de avião. Mas sabes o que é mesmo, mesmo seguro? Abstinência. De qualquer modo, sei que os prazeres carnais são muito difíceis de resistir. Assim, acho que o preservativo é uma das excelentes alternativas de prevenção. A não ser que os "movimentos pelo sim" se unam ao Vaticano para abolir os contraceptivos...já faltou mais!

    «(...)onde a IVG seja uma solução de último recurso, uma última possibilidade de evitar uma gravidez indesejada e ainda integrar essa mulher no sistema, dando-lhe informações sobre planeamento familiar e acompanhando-a posteriormente»

    "solução de último recurso"?? Acho que tens perfeita consciência que isso, pura e simplesmente, não vai acontecer!
    A aposta deve ser feita na prevenção, e não na "remediação".


    Beijocas e obrigado pelo teu comentário e pelo contributo ao mini-debate ductiano :)


    PS: Larga o discurso político que fica-te mal... :P

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  9. Estou orgulhoso porque...?

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  10. Boa juventude esta!

    1º - Compreendo e aceito os bons argumentos do SIM e do Não. Não gosto mais dos maus argumentos do SIM;

    2º - Este problema deve estar na 501ª posição do ranking das prioridades da sociedade portuguesa. Gostava muito mais que não morressem pessoas em Odmira porque demoraram 6 e 4 horas a chegar a Lisboa;

    3º - Os números avançados de presunções de abortos clandestinos em PTG, não passam disso mesmo; presunções. O Estado português não faz a mínima ideia do que se passa no país e muito menos no aborto. Até porque por definição o que é clandestino não se conhece. Esta afirmação é tão verdadeira como aquela que eu posso agora realizar: estimo que em PTG se tenham realizado até hoje cerca de 2 abortos clandestinos; o Pinto da Costa e o Sousa Tavares;

    4 - O Aborto foi, é, e sempre será clandestino porque quem o faz quererá sempre que os outros não saibam.O estigma foi, é, e será sempre muito grande. Por isso se chama aborto. Escusam de lhe inventar nomes(uma puta será sempre uma puta, por muito que lhe queiram chamar técnica voluntária do sexo);

    5ª - Quem tem dinheiro irá sempre ao estrangeiro (o segredo) quem não tem vai ao vão de escada (pela mesma razão).

    6º - A lei portuguesa, quer substantiva (Código Penal), quer adjectiva (Código Processo Penal) responde plenamente a todas as necessidades da nossa sociedade. Assim seja devidamente aplicada;

    7º - Votaria sempre NÃO a perguntas capsiosas e falsas, mesmo que em relação à questão de fundo a minha ideia fosse a contrária. Nunca alinhei, não alinho, nem nunca alinharei com desonestos intelectuais.

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  11. «Esta afirmação é tão verdadeira como aquela que eu posso agora realizar: estimo que em PTG se tenham realizado até hoje cerca de 2 abortos clandestinos; o Pinto da Costa e o Sousa Tavares;»

    LOOOOOOOOOOOL

    E ainda por cima foram tentativas falhadas! (o que explica muita coisa...) :D

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