sexta-feira, fevereiro 10, 2006

«A Estranha Morte do Ocidente»

«Independentemente das consequeências últimas que venham a ter o caso dos cartoons de Maomé, dele restará mais uma pequena morte do chamado Ocidente. Haverá poucas coisas que melhor o definam do que a liberdade de expressão e a separação entre a opinião pública e o Estado. Quando quadrilhas de radicais islamitas, orquestradas por Estados autocráticos, fizeram um chinfrim disparatado a propósito dos cartoons, era de esperar que o Ocidente se unisse na afirmação daqueles princípios. Que asseverasse a sua especificidade cultural, dizendo claramente: se vos ofende a representação gráfica do profeta, a nós ofende-nos a limitação da liberdade de o fazer. Ofende-nos que um governo tenha de pedir desculpas pelas opiniões expressas por um cidadão privado num jornal. (...)
Os cristãos ocidentais têm de suportar quaotidianamente insultos extraordinários: Cristo como homossessual, Maria como prostituta ou ornada de bosta de elefante, para dar apenas alguns exemplos gratuitos. Se manifestam a sua repulsa, logo são tomados por uma franja social lunática ou atacados com uma bateria de argumentos sobre o carácter inegociável da liberdade de expressão. Agora, muitos dos mesmos que tanto se deleitam a insultar o cristianismo á sombra de liberdade de expressão, descobriram a "sensibilidade cultural" do islamismo. Nada disto é novo, mas desta vez assumiu proporções (literalmente) de caricatura. Seguidores de Maomé destroem as torres gémeas de Nova iorque e uma ala do pentágono, matando mais de três mil pessoas, enquanto nas ruas de Ramallah se celebra dançando; destroem a embaixada americana em nairobi, matando 250 pessoas; destroem uma composição ferroviária em Madrid, matando 200 pessoas; destroem umas quantas carruagens de metro el Londres, matando 50 pessoas; destroem uma rua turística de Bali, matando 200 pessoas; o Presidente do Irão promete riscar Israel do mapa e afirma que o Holocausto não passa de uma "fantasia judaica". Tudo isto acontece e repetem-se vozes dizendo-nos que é preciso "compreendê-los" e ás suas "razões de queixa" pela "arrogância" ocidental. (...) A pretexto dos cartoons destruiram-se embaixadas inteiras, ou seja, países foram fisicamente atacados, mas muita gente continua a assegurar-nos que é preciso "compreendê-los". E quando, exactamente, é que o Isção terá de nos "compreender" a nós? (...)
Se uma civilização não gera os instintos necessários para sobreviver, é porque não merece sobreviver. Sesão eles que preferem não se defender a si próprios, porque razão haverá alguém de os defender a eles?»


Este texto foi publicado no Diário de Notícias, edição de 9 Fevereiro, e é da autoria de Luciano Amaral.

NOTA: Considero-me agnóstico e sou contra a política "imperialista" dos EUA. No entanto há certos limites que NUNCA podem ser ultrapassados. Matar alguém em nome de Deus ou um qualquer líder religioso é tão incoerente que se torna impossível de classificar tal acto...

2 comentários:

  1. O que dizes tem o seu quê de verdade, mas não te podes esquecer que a religião católica, na idade média, assumia atitudes (Inquisição) que agora criticamos nos muçulmanos.

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