... e Qatar.
O quê que há de comum entre estes países?
Será mais fácil apontar as diferenças entre o Qatar e todos os outros países, mas existe uma ligação.
O Qatar é um país com 11,500km2
(para servir como comparação, tamanho do distrito de Beja é de 1000km2), com pouco menos de 2 milhões de habitantes, com um rendimento per capita galáctico.
Em uma analise feita via Google Maps, e assumidamente com os devidos erros possivelmente induzidos por uma analise tão superficial, reparo que o Qatar é um país com um grande aglomerado, a cidade Doha, e pouco mais de 4 ou 5 pequenos aglomerados espalhados pelo resto do país.
Doha o maior aglomerado populacional, com cerca de 1.3 Milhões de habitantes tem vindo a crescer exponencialmente, um pouco à semelhança do Dubai. Os arranha-céus nasceram das areias do deserto, quase como da noite para o dia. Como é que o Qatar, com uma população de 700 mil habitantes em 2004, conseguiu (re)construir a cidade Doha? Com muita mão de obra estrangeira, mesmo muita. O Qatar passou de 700 mil habitantes em 2004 para mais de 1,5 milhoes de habitantes em 2010. E de onde vem essa mão de obra? Nepal, India, Bangladesh, Paquistão, Filipinas, Sri Lanka.
Porreiro o Qatar está a contribuir para que os naturais de países manifestamente muito mais pobres, tenham trabalho e rendimento. Certo? NÃO! O que o Qatar está a fazer é escravatura encapotada no sistema Kafalah. Neste momento 94% dos trabalhadores no Qatar são estrangeiros, em que são lhes prometidos um contrato na sua terra natal, mas quando chegam a Doha esse contrato é rasgado à sua frente e o passaporte confiscado, de seguida são colocados em complexos com condições higiénicas deploráveis. Muitos voltam para a sua terra natal, num caixão.
Este
insight sobre o Qatar foi feito sem falar no facto de serem o país seleccionado para ser o organizador do mundial de futebol de 2022. Por outras palavras, e pondo de parte a mais que debatida questão das temperaturas, completamente inadequadas para subir um degrau, a FIFA decidiu organizar um mundial em uma área do tamanho do Baixo Alentejo. Vai por 32 selecções espalhadas... concentradas em Doha e arredores. Vai receber adeptos das 32 selecções e concentra-los em Doha.
É possível? Pode ser que sim, mas vai exigir ao Qatar uma capacidade de construção sem precedentes. E volto a lembrar 95% da mão de obra no Qatar é estrangeira sobre o sistema Kafalah/Escravatura. Com o mundial de 2022 essa mão de obra irá aumentar drasticamente. E isto tudo com o alto patrocínio da FIFA, a mesma organização que teve o poder de mudar uma lei no Brasil sobre a venda de álcool em recintos desportivos, mas estou em crer que não vai ter a vontade de exigir que sejam dados condições básicas e justas de trabalho à estrangeiros que vão construir este mundial.
Agora deixo aqui um video que mostra isto em imagens.
Já agora uma visão mais conto de fadas de Doha.